Concurso Público para Expansão do Campus Santana do Livramento - UNIPAMPA – RS – 2° Lugar / Atelier UM + D

Os espaços construídos vão além de suas estruturas visíveis e funcionais. São essencialmente máquinas, máquinas de sentido, de sensação, que possibilitam uma singularização humana, liberadora da subjetividade individual e coletiva em uma contínua transformação do conhecimento.

Fachada Conde de Porto Alegre

A alteração da edificação existente ocorre pela adição em sua forma tipológica, num continuo do existente e num desdobramento da cota de seu pátio. O térreo desdobra-se em sua cota inferior, possibilitando a conexão física entre auditório e biblioteca, um foyer aberto contíguo visualmente à cantina.

Diagrama Partido 01

A cantina, local de encontro entre docentes e alunos, é a função programática que ocupa o térreo e configura a transição entre o aditivo educacional, a biblioteca e o auditório. Os dois últimos, por sua vez, encontram-se abaixo do nível do pátio,  possibilitando uma independência construtiva assim como maior clareza funcional.

Diagrama Programa

O Auditório conecta-se, também, com a edificação de 1908 em sua cota mais inferior, viabilizando um acesso secundário para ocasiões especiais. A biblioteca, oposta ao auditório, abre-se para o pátio inferior e recebe iluminação indireta através de sheds sob bancos dispostos no pátio principal.

Diagrama Subsolo

A área administrativa está inteiramente no antigo ginásio Maristinha, perto de seu acesso existente. Utilizou-se o pé direito maior para a integração da área administrativa na edificação existente com uma reformulação da fachada.

Diagrama Conexões

Acessos

Os acessos semanais ocorrem pela rua Barão do Triunfo e de serviço para pela rua Dos Andradas. Durante os finais de semana a Biblioteca, o Auditório e a quadra poliesportiva podem ser acessados independente da universidade, caso haja interesse, para que seu uso se faça ainda mais publico.

Diagrama Fluxos

Fases de Obra

O obra pode se desenvolver de diferentes formas. A área administrativa proposta no antigo ginásio Maristinha pode ocorrer independentemente e quando se achar necessário.  As estruturas da biblioteca, auditório e do volume (apoio educacional mais gabinetes) funcionam de forma independente podendo ser construídas em diferentes seqüências. Assim propõe-se que a primeira fase ocorra com a construção do apoio educacional e biblioteca (na ordem desejada). A segunda fase seria o auditório e a cantina e a última fase as áreas externas.

Diagrama Fases Construtivas

 Soluções Ambientais

Dentro das características do projeto proposto se integram soluções direcionadas para melhoria do desempenho ambiental da edificação. Entre elas, podemos mencionar a inclusão de fragmentos de vegetação lineares, responsáveis pela renovação do ar e melhoria da sensação visual dos usuários, juntamente com a melhoria da inércia térmica dos ambientes abaixo dessa camada vegetal. Também integrante da proposta são as solução ativas de redução de consumo energético, através da utilização de painéis solares e da redução de consumo de água através do tratamento e reutilização das águas cinzas.

Diagrama Sustentabilidade

Os materiais usados na construção também seguem observação de suas características de procedência quanto a matéria prima, produção e transporte para o local. Materiais e soluções construtivas que foram pensadas para reduzir custo da obra e agilidade no tempo de execução. Sistema de construção que possibilita a utilização de ventilação cruzada através do forro, mantendo liberdade de composição do layout interno. Outro elemento utilizado, o sistema de filtragem solar da fachada do bloco do apoio educacional e gabinetes, vem de encontro com a clareza de montagem, facilidade de manutenção e diminuição de incidência solar, reduzindo o uso de sistemas de condicionamento mecânico do ar durante o verão e iluminação artificial, podendo ser aberto quando necessário, para aumento da absorção passiva de iluminação e irradiação solar.

Cortesia AtelierUM + D

Estrutura

Bloco Apoio Educacional + Gabinetes

O edifício de salas de aula tem uma estrutura mista – pilares e paredes de concreto armado + vigas e lajes de aço, que é econômica e coerente com os vãos e balanço volumétrico propostos na arquitetura.A partir de paredes estruturais de um núcleo central, em concreto armado, e de pilares conectados por uma parede de concreto armado junto ao edifício existente – contendo ali as perfurações necessárias à passagem do edifício existente para o edifício novo – as duas fachadas longitudinais em módulos triangulares da edificação, em composição de perfis CVS 400×125 em aço MR250, partem para resolver o vão e balanço da volumetria.

Cortesia AtelierUM + D

As treliças, estando alinhadas à espessura das paredes de concreto – com dimensões maiores na direção das treliças – têm ali também a estabilização lateral nessa direção, para o efeito do vento. Pelo desenho triangular as barras diagonais estarão sujeitas principalmente à tração ou compressão, que são esforços econômicos; os montantes, por receberem os carregamentos das vigas dos pavimentos não somente nos nós, terão, além dos esforços normais, momento fletor, que foram assimilados pela dimensão citada.

Diagrama Momentos Fletores

Para a resolução dos pavimentos foram lançadas vigas em aço, seção “I” perfil VS 650X128 em aço MR250, rotuladas junto às peças das grandes treliças; como a altura das peças da treliça das fachadas é menor, as vigas bi-apoiadas têm desenho variável para atender à construção – no detalhe da conexão articulada – e a necessidade mecânica da maior altura no meio do vão. Estas vigas foram lançadas, em planta, a cada 2,75 m, no máximo; nesse ritmo foi possível considerar uma laje “steel deck” com altura total de 15 cm que poderá ser construída sem escoramento para as sobrecargas existentes, o que acelerará o processo de construção; exceção à utilização da laje “steel deck” somente nas áreas contidas no núcleo estrutural central, que deverão ser resolvidas com lajes maciças de espessura 10 cm.

Diagrama Deformação Lateral Ventos

A resistência das peças propostas, bem como a estabilidade lateral e os deslocamentos verticais foram confirmados por modelagem computacional em Método dos Elementos Finitos, conforme pode ser verificado nos resultados estruturais apresentados em imagens do modelo.

Piso Térreo / Cobertura do Auditório e Biblioteca

Para solucionar os vãos propostos de no máximo 10 m entre apoios do auditório e da biblioteca o piso térreo foi considerado como uma grelha de vigas em concreto armado; esse sistema, além de ter rigidez suficiente para os vãos e balanços do piso, resolve algumas necessidades da proposta arquitetônica: a consideração de módulos vazios de laje para a iluminação zenital, o uso de massa que pode ser considerada como elemento componente do “envelope acústico” do auditório, e o lançamento de peças com largura e rigidez suficientes para o arranque de pilares em aço que sustentarão a cobertura metálica da edificação para cantina. O piso térreo irá apoiar-se em pilares, paredes de concreto armado do auditório e contenções do subsolo.

Cortesia AtelierUM + D

Cobertura da Edificação para Cantina

A edificação para Cantina foi resolvida estruturalmente em aço, visando diminuir o peso sobre a estrutura do piso térreo e permitir uma construção rápida e em qualquer tempo, sobre o piso em grelha de concreto armado. Os pilares de aço partem das vigas da grelha por meio de conectores articulados, e conectam-se rigidamente a uma grelha de vigas de aço seção “I” da cobertura da edificação – o que elimina a necessidade de panos de contraventamento em “X”. Sobre as vigas da cobertura serão colocadas lajes “steel deck”, com rigidez suficiente para não exigir escoramentos durante a concretagem, e com inércia e resistência atendendo aos pesos do telhado verde especificado pela arquitetura.

Cortesia AtelierUM + D

Administração

A intervenção arquitetônica no espaço interno do edifício existente irá gerar a necessidade de estruturar um piso elevado acima do nível do piso atual. Considerando a utilização original do espaço como quadra de esportes verifica-se que a sobrecarga prevista em norma é de 500 kgf/m2, uniformemente distribuída sobre toda a área.

Cortesia AtelierUM + D

Alterando o espaço para uma área administrativa podemos considerar uma sobrecarga de 200 kgf/m2 por piso o que, somado, resulta em 400 kgf/m2, sobrando um total de 100 kgf/m2 para a estrutura. Assim, será possível prever a estruturação do piso elevado considerando paredes estruturais construídas diretamente sobre a laje existente + painel “wall” sobre vigas metálicas leves conectadas às cintas sobre as paredes. Os pisos deverão também ter revestimentos leves.


 

Ficha técnica:

Equipe:

  1. Autores:
  2. Arq. Gustavo Utrabo
  3. Arq. Juliano Monteiro
  4. Arq. Pedro Duschenes

Informação Complementar:

  1. Colaboradores
  2. Mathilde Poupart
  3. Lucille Daunay
  4. Sebastian Huth
  5. Marcela Furtado
  6. Lucas Issey Kodama
  7. Arq. Ernesto Bueno
  8. Consultor/Concepção Estrutural
  9. Eng. Ricardo Dias

 

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Cita: Joanna Helm. "Concurso Público para Expansão do Campus Santana do Livramento - UNIPAMPA – RS – 2° Lugar / Atelier UM + D" 08 Dez 2011. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-13221/concurso-publico-para-expansao-do-campus-santana-do-livramento-unipampa-rs-2-graus-lugar-atelier-um-mais-d> ISSN 0719-8906

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